quarta-feira, 24 de julho de 2013

A responsabilidade estratégica das empresas


O termo “estratégia”, como todos os gestores organizacionais imaginam utilizar, tem origem militar e nasceu das ações de guerra. Deriva do grego strategos e pode ser entendida como a “arte do general”.

Isso nos leva a pensar bem sobre duas considerações bastante importantes: primeiro, a palavra general, que indica que a estratégia deve ser um conjunto de ações e decisões que veem de cima para baixo na hierarquia organizacional. Isso pode ser bem observado nas palavras do estadista Georges Benjamin Clemenceau, que como Primeiro-Ministro francês comandou o país no período da Primeira Guerra Mundial: “A guerra é um negocio muito importante para ser deixada para os soldados.”. Segundo, a palavra ARTE. Essa palavra é tão subjetiva que seu significado possui uma interpretação para cada momento da história mundial, assim como para cada cultura, crença ou necessidade específica de uma sociedade. Durante os meus nove anos de convivência mais pura e direta com a arte, através das artes cênicas, ouvi diversas vezes, de uma diretora de teatro, que a arte é algo que não se copia, pois arte é aquilo que você faz e outra pessoa “comum” não consegue fazer – ao menos não da mesma maneira.

Hoje, no mundo dos negócios, lembro-me daquelas palavras toda vez em que elaboro um material, utilizo uma ferramenta administrativa e, principalmente, planejo ações em conjunto com as empresas que são minhas clientes. São nesses momentos em que tento fazer valer os ensinamentos do grande guru da administração estratégica: Michael Porter. Para ele, estratégia não é o mesmo que eficiência operacional; não é o mesmo que copiar práticas dos concorrentes através de um benchmaking e não significa ações de longos períodos e que tragam paz e tranquilidade às empresas. Para o guru, a estratégia deve vir recheada de trade-offs, ou seja, situações de conflito que façam com que os “generais” saiam de suas zonas de conforto. A estratégia, nesse contexto, significa buscar atividades únicas que convergem para um resultado concreto.

Pensando em todos esses fatores, há maios ou menos um ano e meio aceitei o convite de um amigo para juntos lançarmos a primeira consultoria organizacional do Ceará especializada em Responsabilidade Social Empresarial – ou, RSE. Acreditávamos naquela época que a RSE seria a forma dos empresários trabalharem as suas estratégias, com ações ousadas, porém muito bem planejadas. Tínhamos a certeza de que esse seria um grande desafio, pois o tema ainda é pouquíssimo explorado em nosso estado, além de cercado de muitos mitos e falsas certezas. Porém, percebi que o grande problema não se dá somente na falta de conhecimento do tema, mas também do termo “estratégia”. Muitas são as empresas que dizem utilizar ações estratégicas, e algumas delas afirmam que a RSE e a Sustentabilidade fazem parte da sua estratégia, mas a falta de conhecimento da essência de ambas as ações só os fazem gastar tempo e dinheiro com situações óbvias e que qualquer um pode fazer – ou seja, bem distante da arte.

Pude comprovar essa afirmação em um exemplo bastante recente. A rede de supermercados Pão de Açúcar lançou uma campanha sobre sustentabilidade maravilhosa – ao menos na teoria. Segundo a propaganda veiculada nas TVs, acompanhada por um divertido jingle e por uma atriz comediante atualmente bastante conhecida, as lojas passarão a recolher, no momento da compra efetivada no caixa, embalagens de papelão, sacolas plásticas e quaisquer tipos de materiais que podem ser reciclados, mas que ao chegarmos em nossas casas simplesmente os descartamos no lixo comum. A ideia é realmente muito boa e simples, porém, ao visitar o supermercado pela terceira vez desde o lançamento da campanha, percebi que as pessoas responsáveis pelos caixas nunca me abordaram para que eu participasse das ações, mesmo com o jingle sendo executado constantemente no sistema de som interno. Só então constatei que muitas empresas, mesmo aquelas que aderem as ações socialmente responsáveis, cometem os mesmo pecados: traçam boas ações, ações estratégicas, mas seus generais esquecem que os seus soldados, aqueles que estão na linha de frente e serão os executores das ações, devem receber direcionamento e acompanhamento necessários. Do contrário, a estratégia da responsabilidade social e da sustentabilidade será apenas um belo documento confidencial em uma guerra onde não haverá vencedores.

Rodrigo Tavares 
Sócio Fundador da Dialogus

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Governança Corporativa: O que é, Princípios e Importância.

São muitos os conceitos de governança corporativa. Dentre eles, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define-a como "sistema pelo qual as organizações são dirigidasmonitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle".

A governança corporativa proporciona condições para que líderes empreendedores exerçam a coordenação e a condução das organizações, possibilitando um aprimoramento dos negócios. De acordo com o IBGC, as boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade.

Fotografia de stock: Business people clapping for businesswoman in conference…


Os princípios básicos da governança corporativa são:

Transparência: refere-se à comunicação dos fatores que permeiam a ação da organização, sejam eles econômicos ou intangíveis. Essa comunicação deve resultar um clima de confiança, ou seja, deve ser franca, rápida e espontânea, não deve ser tratada como uma obrigação da alta Administração.

Equidade: caracteriza-se pelo tratamento igualitário para com as partes interessadas, sejam eles colaboradores, fornecedores ou clientes. Condena-se qualquer tipo de ação ou política injusta.

Prestação de contas:  os responsáveis da governança corporativa devem responder àqueles que os elegeram perante seus atos e prestar contas com os mesmos.

Responsabilidade corporativa: os líderes das organizações, juntamente com os conselheiros, devem dar importância às questões de ordem social e ambiental na definição das estratégias e dos negócios, zelando também, pela perenidade e sustentabilidade das organizações. Esse princípio é uma extensão da estratégia empresarial, na qual busca a implantação da "função social", que deve incluir alguns quesitos como, a melhoria na qualidade de vida e a qualificação e diversidade da força de trabalho.


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A comunicação, de forma geral, é uma das responsabilidades dos líderes. Segundo Covey (2003), liderança está em comunicar às pessoas seu valor de modo tão claro que elas possam vê-lo como próprio. Essa comunicação é extremamente importante, ela está diretamente relacionada com os princípios da governança já citados, como a transparência e a prestação de contas. Uma vez que a governança corporativa também trata de como as decisões mais importantes serão tomadas, repassadas e comunicadas a todos os níveis organizacionais e também ao seu ambiente externo.

Visto a relevância da governança corporativa dentro de uma organização é necessário que se tenha uma liderança comprometida com o desenvolvimento do negócio. Por isso, um dos mais importantes atributos do líder é justamente a capacidade de identificar e desenvolver novos líderes, uma vez que os agentes da governança corporativa devem estar preparados e possuir as competências necessárias.


Mariana Maia
Analista de Qualidade


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