Segundo a OCDE, Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, (2005) a educação financeira é “O
processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua
compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que,
com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as
competências necessárias para se tornarem mais conscientes das oportunidades e
riscos neles envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem informadas, saber
onde procurar ajuda e adotar outras ações que melhorem o seu bem-estar. Assim,
podem contribuir de modo mais consistente para a formação de indivíduos e
sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro.” Ou seja, através da educação
financeira é possível a construção de uma sociedade consciente de que gerir
seus recursos financeiros impacta de tal forma que a consequência desse ato é o
alcance do bem estar próprio, com contas equilibradas, compromissos honrados,
melhor funcionamento do mercado financeiro através de investimentos, dentre
outros pontos de progresso.
Infelizmente, no atual panorama
brasileiro, percebemos que as pessoas não tem uma boa educação financeira,
apesar dos esforços que os órgãos públicos vêm fazendo para tornar essa
temática mais rotineira na vida da população, o que torna o tema preocupante.
Segundo pesquisa do serviço de proteção ao crédito (SPC) Brasil, realizada em
2014, 81% dos brasileiros sabem pouco ou nada a respeito de suas finanças
pessoais, fato refletido na realidade financeira de consumidores e
empreendedores.
Através da educação financeira é
possível formar pessoas conscientes, com poder de impactar a sociedade de
diversas formas, estando mais aptas a honrar seus compromissos financeiros e
mais disciplinadas em relação ao consumo, o que é bom para o contexto
econômico, tanto o menor índice de pessoas endividadas, como o maior índice de pessoas
capazes de investir, possibilitando um crescimento do mercado financeiro e
consequente crescimento econômico nacional, com pessoas capazes de empreender e
gerir suas empresas de uma maneira sustentável financeiramente.
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De fato, é importante destacar que o
processo de educação financeira deve começar cedo, para que as pessoas possam
crescer com hábitos financeiramente saudáveis e assim contribuir para a
sociedade nos modos mencionados acima, dentre outros. Um conceito importante
que deve ser trabalhado já com as crianças é o de maturidade financeira, que
consiste na capacidade de adiar os desejos em função de futuros benefícios.
Atingir essa maturidade não é um processo natural, tendo em vista que a nossa
natureza é buscar a satisfação imediata de todos os desejos e necessidades, e
abordar essa temática, previamente, é o passo inicial para a educação
financeira ganhar espaço no cotidiano social.
No contexto em que tal abordagem
financeira está bem ausente no cotidiano nacional, nota-se que os jovens
brasileiros, em sua maioria, não possuem muita disciplina ao gerir seus
recursos. Essa indisciplina, juntamente a algumas características individuais,
como a inexperiência ou desconhecimento total dos assuntos financeiros, estar
em início de carreira com poucos recursos e, geralmente, não ser muito realista
com percepções de longo prazo, acabam contribuindo para uma população
desequilibrada na gestão financeira, como apontam alguns dados da última pesquisa
de endividamento e inadimplência do consumidor, a qual mostra que 60% das
famílias brasileiras estão endividadas e deste total, 46,3% atrasam os
pagamentos, enquanto 13,7% estão inadimplentes, ou seja, não tem condições de
cumprir com seus compromissos financeiros, mostrando em números a complexa
realidade de muitas famílias e o que muitos empreendimentos enfrentam para
alcançar seus consumidores e conseguir comercializar seus produtos/serviços.
O fato dos jovens serem inexperientes ou não conhecerem
assuntos financeiros é um problema crônico que precisa ser modificado. O
governo federal já vem trabalhando melhor essa temática nos seus projetos, como
a Estratégia Nacional de Educação
Financeira (Enef) lançada pelo Decreto nº 7.397 do governo federal, em dezembro
de 2010, sendo o Brasil um dos poucos países do mundo a ter algo do tipo. Uma população bem informada financeiramente
trás diversos benefícios econômicos ao país, pois pode possibilitar uma maior inclusão no sistema bancário, o
que acarreta para o surgimento de maiores oportunidades individuais que, por
sua vez, podem garantir o desenvolvimento econômico do país como um todo.
Já o fato de não serem realistas com
percepções de longo prazo ocorre muitas vezes por um falso otimismo, o qual leva
a perda do senso de realidade, ou seja, acreditar que as coisas futuras sempre
vão ocorrer conforme o planejado, levando à tomada de decisões precipitadas que
podem comprometer a gestão financeira presente e futura de seus planos pessoais
e profissionais. Por isso, é extremamente importante ser realista com suas ações
para ter controle de seus esforços e resultados cotidianamente.
Nesse contexto, uma falta de visão
holística se torna um dos grandes fatores que afetam o sucesso dos
empreendimentos da atualidade. O número de pessoas dispostas a empreender é
crescente, mas é importante que o número de pessoas com tal embasamento
financeiro acompanhe esse crescimento. Um empreendedor com poucos recursos que
resolve trabalhar prestando serviços de taxi, por exemplo, se não visualizar as
necessidades de obter um faturamento suficiente para a manutenção do negócio,
como os custos para manter o veículo e as despesas pessoais, facilmente terá
seu empreendimento comprometido em curto prazo, levando a frustrações e
prejuízos que poderiam ser evitados com um melhor planejamento e análise da
situação atual e de onde se pretendia chegar.
De fato, é de suma importância se
ter uma disciplina financeira, porém, isso muitos sabem, mas poucos põem em
prática. Se você é um empreendedor com dificuldades por não ter tido uma boa
base neste assunto, é hora de mudar! Uma boa disciplina financeira no âmbito
pessoal reflete diretamente no âmbito profissional, ou vice-versa. Alguns
passos que são essenciais nesse caminho são:
- Conhecer suas receitas e despesas, podendo controlar as variáveis que permeiam seu sucesso financeiro pessoal ou nos negócios, eliminando a dependência da sorte e aderindo aos resultados realmente concretos.
- Definir objetivos financeiros, metas e planos de ação para alcança-los, ou seja, saber e listar tudo o que se quer alcançar, em seguida priorizar esses objetivos em sua vida e planejar como chegar até eles. Para haver disciplina no caminho até os objetivos, é ideal a criação de metas de curto prazo para que esforços sejam voltados para alcançá-las e assim o caminho entre você e seu objetivo vai ficando menor. Sempre que você tiver que tomar uma decisão sobre “gastar ou não gastar”, pense no seu objetivo. Fato importante: seja realista! Lembre-se que não adianta traçar planos de ação e metas visivelmente fora da sua realidade, pois o caminho será mais difícil e com grandes chances de não obter o resultado esperado. Avaliá-los periodicamente também é essencial para saber se a execução do que foi idealizado está sob controle e, caso não, corrigir os problemas para que o objetivo não seja comprometido.
- Compare preços ao realizar compras, tendo em vista que cada pouco que você consegue economizar em uma compra resulta em uma grande economia no final de um período maior! Atualmente a internet possibilita uma boa visão do mercado, com preços e características dos produtos, informações sobre fornecedores, entre outros fatores importantes para melhores e mais confiáveis decisões, aproveite esse benefício!
- Compre somente o que você precisa, evitando exageros. Uma lista de compras é um bom auxílio, evitando que você fique tentando lembrar o que precisa e controlando seus impulsos de consumo. Tomar decisões antes de sair para as compras ou de entrar em contato com os fornecedores também são boas dicas, tendo em vista que o mercado é repleto de armadilhas para estimular o seu consumo.
- Tente pagar à vista quando tiver desconto, utilizando o cartão de crédito apenas nas horas benéficas! Seja em compras pessoais ou em fornecedores de mercadorias, de desconto em desconto você consegue poupar um bom valor ao fim de um período maior, e o cartão de crédito, que muitas vezes é um perigo em mãos que não possuem uma boa educação financeira, pode ser utilizado no caso de maiores necessidades, dado seu benefício de parcelamento, por exemplo.
- Viva de acordo com seu padrão de vida! Fato essencial e não tão fácil para muitos brasileiros. Grande parte da população gosta de aproveitar o presente, algumas vezes vivendo de aparências e práticas as quais acabam por não ser sustentáveis em longo prazo, fato levado até para a criação de empreendimentos, o que gera o tão comum endividamento ou a quebra de alguns pequenos negócios, ocorrências que podem ser evitadas se houver um planejamento com ações direcionadas para atingir objetivos de uma melhor qualidade de vida ou de um negócio mais sofisticado, por exemplo, sem precisar meter os pés pelas mãos antecipando uma realidade a qual pode ser conquistada.
Desse modo, é possível notar o
impacto da educação financeira na vida das pessoas e que tê-la faz toda a
diferença. Logo, reflita sobre seus objetivos pessoais ou sobre onde você quer
chegar em seu negócio, planeje quando chegar, quanto será necessário para isso
e como isso ocorrerá, e siga o caminho de forma mais segura e direcionando suas
finanças a favor do seu sucesso!
Raquel Silva e Jhonatas Barros
Representante e Analista Financeiros