Considerado como esporte mental pela Federação Internacional dos Esportes da Mente (IMSA), o Poker vem tendo um crescimento exponencial nos últimos anos, de número de adeptos e praticantes. Contudo, o que chama mais atenção é o fato de que esse esporte é objeto de inúmeros estudos de grandes instituições como o Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) e a Universidade de Harvard, que oferecem cursos e aulas de Poker aos alunos interessados, se tornando disciplina.
Resumidamente, poker é um jogo de estratégia baseado em tomadas de decisão em que se utilizam cartas e fichas para apostas. Na sua versão mais jogada e apreciada, o Texas Hold’em, o objetivo é fazer a melhor mão possível de cinco cartas, combinando as duas cartas fechadas, que cada jogador recebe no início de cada rodada, com as cinco cartas comunitárias (usadas por todos) abertas pelo “crupiê” (é quem distribui as cartas e controla o baralho, mas não participa do jogo) na mesa.
Olhando de uma forma bem simplificada, o poker aparenta ser um jogo de azar, pois a distribuição das cartas é um fator totalmente aleatório e randômico, em outras palavras, o jogador que receber a melhor mão sempre sairá vencedor e ganhará o pote final (total de fichas de certa rodada). No entanto, a dinâmica do poker é essa:
Após a distribuição de cartas, existem muitas variáveis que são determinantes no andamento e no resultado de uma mão:
- A estratégia do jogador e a sua percepção acerca da estratégia de seus adversários;
- A sua posição e a posição de seus adversários dentro daquela mão;
- As rodadas de apostas e como elas se desfecham no decorrer de uma mão específica;
- A sua capacidade de leitura do comportamento de seus adversários, a simulação e a dissimulação;
- A extração exata de valor em casos de possuir uma mão vencedora e o blefe em situações de possuir uma mão perdedora;
- O uso do raciocínio lógico por meio da matemática e estatística;
- A capacidade de controlar suas emoções.
Diante disso, podemos ver que o fator preponderante para o sucesso no poker é a habilidade, e não a sorte. O jogador de poker, por ter que tomar decisões rápidas em pouco tempo e ter de utilizar a todo instante a sua capacidade analítica e psicológica, acaba desenvolvendo e aprimorando certas habilidades que lhe beneficiarão tanto na vida pessoal, como na profissional. Carlos Mavca, jogador profissional e autor do livro “Poker: a essência do Texas hold’em”, cita alguns dos benefícios do jogo, principalmente para quem lida com negócios e gestão:
“O Poker te ensina a ser paciente, a buscar as melhores oportunidades para ser agressivo e crescer no momento certo. Ensina a calcular riscos e a tomar as melhores decisões. Também te exercita para compreender a área comportamental das pessoas, adaptando as suas decisões nessas informações.”
Muito do que acontece durante uma partida de poker pode ser relacionado, metaforicamente e guardando as devidas proporções, com a gestão de uma organização e o envolvimento no mundo dos negócios. Por exemplo: no poker é relevante que o competidor consiga perceber as intenções dos seus adversários. O adversário que aumenta determinada aposta quer pôr o jogador em uma cilada? Ou ele quer apenas retira-lo da disputa pela rodada, utilizando-se de um blefe?
Estas questões resultam numa análise competitiva, em que o jogador de poker sempre terá que fazer se quiser obter sucesso. No mundo dos negócios, percebe-se esse contexto em uma das cinco forças de estratégias competitivas moldadas por Michael Porter, em que o mesmo afirma que o trabalho do estrategista da organização (análogo ao jogador de poker) incide em compreender e encarar a competição e os concorrentes a fim de alcançar objetivos.
Ademais, o controle emocional, a adaptabilidade a situações de riscos e a gestão financeira são competências que o jogador de poker também desenvolve e leva, naturalmente, para o seu cotidiano. Desse modo, não é atoa que as universidades MIT e Harvard oferecem cursos de Poker para seus estudantes. Alinhando-se com as Ciências Aplicadas devido à utilização de conhecimentos estratégicos para a tomada de decisões, o Poker é utilizado para desenvolver a liderança em projetos e equipes, explicando o porquê que grandes nomes do mundo do negócio, como Bill Gates, por exemplo, são adeptos do esporte.
Felizmente, no Brasil, o poker está se popularizando e vem ganhando seu devido reconhecimento, principalmente quando a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), seguindo o exemplo das universidades americanas, começou a oferecer aulas de Fundamentos do Poker na Faculdade de Ciências Aplicadas da instituição e que, em pouco tempo, tornou-se a disciplina optativa mais procurada.
Diante do exposto, recomendo a todos, especialmente para quem trabalha ou vai trabalhar com gestão/negócios, que procurem conhecer esse apaixonante esporte e a praticá-lo para desenvolver e aprimorar habilidades gerenciais. O poker pode vir a se tornar seu hobby e, quem sabe, ser uma boa fonte de renda.
Joseph Olímpio
Analista de Talentos
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